Em um ano complicado para a economia, a compra e venda de imóveis no Rio está surpreendendo. Uma pesquisa feita por Secovi Rio e Apsa indica que este foi o melhor agosto dos últimos quatro anos para a compra de imóveis na cidade. Desde 2017 não se fechavam tantos negócios residenciais: foram quase 3.300. Na série histórica desde 2011, agosto de 2020 só perde para o mesmo mês de 2014.
O estudo do Secovi Rio, com base nos dados da Prefeitura do Rio e do Centro de Pesquisas e Análise da Informação (Cepai), indica que foram fechadas 18.237 transações residenciais de janeiro a agosto de 2020, sendo quase 20% delas apenas no mês de agosto. Ainda é menos do que se vendeu nos primeiros oito meses do ano passado (20.578) e nem de longe lembra os áureos tempos do mercado: em 2011, de janeiro a agosto, 38.136 imóveis foram negociados.
As taxas de juros em sua mínima histórica – 2% influi e, os bancos brigam para conquistar os clientes.
O último movimento foi do banco Itaú, que lançou uma nova modalidade de crédito imobiliário, com correção pelo rendimento da poupança, mais uma taxa fixa de 3,99% ao ano.
Para o vice-presidente do Secovi Rio, Leonardo Schneider, o resultado de agosto mostra um represamento dos últimos meses, causado pelas incertezas da pandemia: “E sinal de um leve aquecimento do mercado imobiliário, que ficou reprimido nestes meses. Com o começo da flexibilização, volta a procura por imóveis. E os interessados encontram bons preços e condições favoráveis”.
Schneider salienta que ocorreram ainda dois movimentos na quarentena. Por ficar mais tempo em casa, muitos quiseram mudar de casa para ter mais espaço. E, no sentido inverso, outras pessoas tiveram perda ou redução de renda e buscaram imóveis menores.
Na administradora Apsa, a procura de imóveis residenciais cresceu 77% entre junho e agosto, na comparação com os três primeiros meses do ano, antes da pandemia. O fenômeno foi maior em Copacabana e Tijuca: os dois bairros concentraram 63% da procura, dentre os bairros monitorados.
Foi o caso da engenheira civil Mariana Nollys. Ela procurava um imóvel na Tijuca desde o ano passado e, há dois meses, achou o que desejava.
“Os preços durante a pandemia caíram e finalmente fechei o negócio”, explica ela, que agora faz obras no apartamento antes da mudança.
As construtoras também percebem aumento da demanda. A Fernandes Araújo registrou nos dois últimos meses alta de 20% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Gustavo Araújo, gerente de negócios da APSA, diz que a maior parte dos interessados quer um apartamento para moradia. Especialmente, no caso dos imóveis prontos.
“Os preços no Rio chegaram a um nível que não há espaços para grandes quedas nem para valorização. As negociações estão acontecendo” comenta.
Segundo o estudo do Secovi, o valor do metro quadrado na cidade chegou a R$ 8.597. No início do ano, o valor estava em R$ 8.742.
Fonte: O Globo