Jornal o Globo destaca busca por terrenos na Barra, Recreio e Vargens durante a pandemia

Não foram só os imóveis de luxo que registraram alta de vendas na pandemia na área da Barra e dos bairros vizinhos. Um levantamento do Sindicato da Habitação no Rio (Secovi Rio) mostrou que o volume de terrenos negociados teve enorme crescimento na região de 2019 para 2020, na contramão do que aconteceu em todo o restante da cidade. A Barra foi o bairro onde este mercado mais cresceu: no ano passado foram vendidos 517 lotes, um aumento de 468%. Também houve aumento significativo de transações no Recreio (67%, com 219 lotes vendidos), em Vargem Grande (105%, com 41) e em Vargem Pequena (83%, com 53).

Além de os investidores terem voltado a apostar em terrenos, pessoas desejosas de ter uma casa maior levaram ao reaquecimento desse mercado na área da cidade onde ainda há bons espaços desocupados.

— A compra de terrenos sempre foi um investimento mais conservador porque tem baixo valor de desembolso e é um patrimônio que está ali e não vai se depreciar, além de ainda permitir que algo seja construído depois. Este mercado estava congelado, mas a pandemia trouxe uma movimentação em todo o estado. As pessoas hoje estão mais focadas em qualidade de vida, querem mais espaço, área de lazer, e as reticências relacionadas à compra de um terreno diminuíram — explica Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi Rio.

O empresário Wagner Pontes, morador da Barra, começou a investir na compra de terrenos durante a pandemia. Adquiriu lotes em Itaipava, onde está construindo três casas, e no Natura Residencial Vargem Pequena.

— Enxerguei uma oportunidade, já que o mercado financeiro estava congelado e eu não queria deixar o dinheiro parado. Resolvi comprar para ver o que ia acontecer e entender melhor o mercado. Vi na construção de casas uma rentabilidade razoável — conta.

Marcelo Fróes, diretor e sócio da Pró Lotes, que lançou em abril o Natura Residencial Vargem Pequena, conta que, dos 35 lotes, somente quatro ainda estão à venda. A empresa já tinha o terreno há algum tempo e estava aguardando um bom momento para fazer o lançamento. De junho passado a maio deste ano, afirma ele, a Pró Lotes, que só vende terrenos, cresceu 400%.

— Em junho passado, lotes viraram o produto imobiliário do momento. Todo mundo hoje em dia quer um quintal, estar ao livre e dentro de sua casa. Além disso, as pessoas não estão mais se incomodando em morar afastadas dos grandes centros. Quem antes estava esperando para realizar um sonho tomou coragem para fazer isso agora — diz Fróes.

Eric Labes, diretor da Start Investimentos, que vai lançar este mês o Riviera do Recreio, com 830 lotes, também afirma que a procura por terrenos cresceu exponencialmente com a pandemia, quando as pessoas passaram a fazer quase tudo em casa.

— Comprei o terreno em 2017 e agora vou vender lotes de 180 metros quadrados. Com a pandemia, dobramos o volume de lotes ofertados, porque a demanda cresceu demais. No Riviera vamos vender lotes que não são enormes, em um condomínio com clube e base na praia. Aqueles terrenos muito grandes não são mais funcionais, porque o IPTU é alto e é preciso pagar funcionários para cuidar da casa. O custo de manter o patrimônio se torna elevado — observa.

O Riviera do Recreio terá lotes por R$ 420 mil e casas a partir de R$ 17 milhão. A expectativa é que sejam vendidos 800 até o fim do ano, e a empresa já pensa em novos lançamentos do mesmo tipo.

Na Avanço Realizações Imobiliárias, que presta consultoria para a construção de casas, e na G+P Soluções, especializada em práticas e técnicas construtivas e de gestão, a movimentação do mercado de lotes também foi registrada. Nesta última, o crescimento foi de 320% em 2020, o que exigiu a criação de um setor para cuidar apenas do gerenciamento de casas.

*Matéria publicada no Jornal O Globo, em 10/05/2021

Fonte: O Globo

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