Vendas avançam
Zona Sul e Tijuca despontaram nas vendas, firmando-se como áreas em que o preço médio do metro quadrado já voltou a garantir liquidez aos projetos. Segundo Rubem Vasconcelos, presidente da Patrimóvel, imóveis novos na Zona Sul estão em torno de R$ 14.500 o metro quadrado. Na Tijuca, cerca de R$ 9 mil.
— São áreas que mostram melhora. O crescimento de fato virá quando a Barra da Tijuca tiver avanço. Estamos sem os grandes produtores, como Gafisa (em reestruturação para superar dificuldades financeiras) e PDG (em recuperação judicial). Mas isso gera oportunidade para novas empresas — diz Vasconcellos.
As construtoras cariocas buscam oportunidades. A RJZ Cyrela projeta até R$ 860 milhões em valor de vendas de lançamentos este ano, 30% acima do que fez em 2018.
— Focamos em lançamentos em áreas com menos oferta e, por isso, de alta absorção, com produtos bem estudados. Teremos lançamentos em Botafogo, Laranjeiras, ambos com preços médios de R$ 1,5 milhão — diz Marcelo Parreira, gerente geral de incorporação e produto da RJZ Cyrela.
A construtora Inti decidiu se manter focada no alto padrão, com quatro novos projetos este ano na Zona Sul, todos com apartamentos a partir de R$ 1,5 milhão. A previsão é triplicar o valor geral em vendas desses empreendimentos para R$ 60 milhões, na comparação com 2018.
Já a Tegra avança em direção à Zona Oeste. Planeja três lançamentos para o segundo semestre em São Conrado, Barra e Recreio.
— Buscamos também terrenos na Zona Sul, para projetos de alto padrão, e no Centro — diz Alexandre Fonseca, diretor da Tegra. — A retomada é gradual e lenta. Mas as vendas estão avançando.
Na ponta de vendas, a visão também é de que o terreno está pronto para um crescimento mais forte em 2019, mas ele ainda não é consistente.
— Tudo indica que será melhor, mas ninguém garante a melhoria do mercado. O governo ainda não fez reformas importantes para reativar a economia. O primeiro trimestre empatou com janeiro a março de 2018. Está difícil ver um horizonte mais longo que 90 dias, ficamos míopes — diz Vasconcelos, da Patrimóvel.
Os empresários destacam ainda que a melhora nas condições de financiamento, com a queda dos juros, colaboram com as vendas. No primeiro trimestre , R$ 1,3 bilhão em recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo foram usados para aquisição e construção de imóveis no Rio, segundo a Abecip. A cifra representa alta de 50,6% em relação a igual período de 2018 e desempenho acima do registrado no país, de 39,4%.
Apartamento pequeno
Fonseca admite que o interesse da Tegra no Centro está ligado à nova legislação do setor no Rio, aprovada no fim de 2018, que deve garantir maior oferta na ponta mais barata do mercado a partir do segundo semestre, considerando o tempo de licenciamento de projetos. Isso porque a lei passou a permitir a construção de imóveis mais compactos, em prédios sem garagem para todos os apartamentos, entre outras mudanças.
O braço imobiliário do Opportunity já planeja quatro empreendimentos no Rio este ano, o dobro de 2018. Um deles ficará no Centro, a uma quadra do Aterro do Flamengo, com projeto de coliving, no qual os moradores contam com áreas e serviços compartilhados. Jomar Monnerat de Carvalho, diretor da empresa, prevê para maio o lançamento do Highlight Jardim Botafogo, com 180 unidades de até R$ 1,6 milhão. O Ícono, lançado em setembro no Flamengo, tem 350 das 416 unidades a R$ 900 mil, em média, vendidas.
Para José Conde Caldas, à frente da Concal e ex-presidente da Ademi-RJ, a nova legislação vai abrir o mercado:
— A volta do apartamento pequeno de forma regrada vai trazer unidades com serviço de qualidade e acessíveis a uma faixa de grande demanda: idosos, estudantes, pessoas que moram sozinhas, executivos no Rio a trabalho. É um tipo de comprador que não atendemos hoje.
No mercado popular, os projetos continuam em expansão no Estado do Rio, apesar dos atrasos nos repasses do programa Minha Casa Minha Vida. A Direcional, por exemplo, dobrou o volume de lançamentos em relação a 2018, quando ergueu seis projetos na Zona Oeste e em São Gonçalo, no Grande Rio:
— Temos um banco de terrenos com potencial de R$ 2 bilhões em valor geral de vendas — diz Paulo Assis, diretor comercial da empresa.