Condomínios sustentáveis ganham força no mercado

A comercialização de prédios sustentáveis crescem na medida em que é desmistificada a ideia de inacessibilidade de construções sustentáveis

Responsabilidade com o meio-ambiente é uma tendência em todas as áreas de atuação no mundo. E não poderia ser diferente no mercado imobiliário brasileiro e capixaba. Apesar de recente, a prática da comercialização de prédios residenciais sustentáveis tem um crescimento exponencial, que ocorre na medida em que é desmistificada a ideia de inacessibilidade de construções sustentáveis.

Um estudo realizado pela Universidade de Harvard apontou que os ganhos financeiros relacionados às mudanças climáticas e à melhoria com saúde e bem-estar oferecidos pelos edifícios sustentáveis são de US$ 16,05 por metro quadrado. Nesse cenário, de 2007 a 2016, o Brasil gerou uma economia total de US$ 348 milhões, sendo US$ 251 milhões em economia de energia.

O Brasil possui atualmente 1.302 projetos de construção registrados e, desse total, 489 são certificados como construções sustentáveis. O número coloca o país na 4ª colocação do ranking mundial de edificações com a certificação Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), certificação renomada no mercado imobiliário internacional, presente em 167 países.

 

Condomínios sustentáveis

Em termos básicos, um empreendimento sustentável possui recursos para reutilização e captação de água, telhados verdes e elementos de iluminação para economia de energia, e implementação de medidas que possibilitam uma coleta seletiva inteligente em todo o condomínio. Além disso, também há outros recursos mais avançados que tornam a construção ainda mais sustentável.

De acordo com o proprietário da MGM Administradora de Condomínios, Glauco Marinho, os condomínios sustentáveis no Espírito Santo têm ganhado força com a forte presença da automação nos empreendimentos. Segundo dados da Associação Brasileira de Automação Residencial (Aureside), os serviços de automação cresceram 300% nos últimos quatro anos e devem continuar crescendo 12,5% ao ano até 2023, podendo movimentar cerca de U$ 78 bilhões.

“O que mais se vê hoje são serviços com automação para reutilização de água e economia de energia. Há também projetos em execução para entregar energia fotovoltaica, mas para o condomínio ainda é caro”, explica o proprietário da MGM Administradora de Condomínio.

Entretanto, Marinho explica que os condomínios sustentáveis que existem no Espírito Santo apresentaram um barateamento nos últimos anos. “Antes não havia nem empresas em Vitória para fazer manutenção nesses condomínios. Contudo, o preço não é nada fora da curva. Além disso, é um investimento que compensa. Temos um condomínio que chega a economizar mais de R$ 20 mil por mês com automações que tornam o uso de energia mais sustentável. Portanto, é sim um investimento interessante”, comenta.

Glauco cita que a perspectiva é de crescimento para esse segmento do ramo imobiliário. “Sustentabilidade tem uma tendência positiva de crescimento no estado. As pessoas já não aguentam mais pagar caro em serviços que podem ser barateados e estão com um pensamento muito responsável com relação ao meio ambiente também. A tendência é irreversível e sustentabilidade estará presente cada vez mais nos condomínios e no dia a dia das pessoas”, fala Marinho.

 

Soluções sustentáveis

Plínio Machado, analista de qualidade da Morar Construtora explica que o conceito de sustentabilidade possui diferentes abordagens: desde uma conotação mais rigorosa que impõe amplo controle de todo o processo produtivo, até avaliações que indicam a necessidade de controlar etapas específicas do processo construtivo, visando o menor impacto ambiental.

“É importante considerar que a sustentabilidade deve se basear em três princípios básicos: o ambiental ideal, o social e o economicamente correto, isto é, não adianta ter ganhos em um destes aspectos com prejuízos em outros”, diz.

 

Veja abaixo as diferentes estratégias para alcançar soluções sustentáveis:

  1. Projeto de canteiro de obras com foco na economia ambiental para reduzir o consumo de energia, água e a geração de resíduos: uso de telhas translúcidas, aproveitamento de água da chuva e uso de materiais industrializados;
  2. Reutilização de resíduos limpos para a produção de outras matérias primas da construção (ex.: entulho sendo transformado em solo brita para pavimentação);
  3. Armazenagem, transporte e destinação correta de resíduos, buscando sempre a reciclagem e o beneficiamento;
  4. Uso de madeiras de reflorestamento;
  5. Uso de fôrmas plásticas reutilizáveis;
  6. Projeto de modulação de paredes, evitando desperdícios;
  7. Utilização de vegetação e materiais ecológicos nos edifícios;
  8. Implantação de edifícios visando o pleno aproveitamento das condicionantes ambientais (sol, vento e chuva);
  9. Uso de sistemas de captação de energia solar por sistema fotovoltaico, o qual serve também para o aquecimento da água; sistemas de aproveitamento de água da chuva; e utilização de águas cinzas nas bacias sanitárias;
  10. Especificação de materiais e equipamentos eficientes: torneiras com acionamento e/ou fechamento automático; iluminação com sensor de presença; vidros com proteção térmica e acústica; ponto de recarga de carro elétrico; bacias sanitárias com sistema de duplo acionamento; lâmpadas de led, mais econômicas e eficientes; piso intertravado, mais permeável.
  11. Estímulo ao uso de sistemas de locomoção menos impactantes: estacionamentos para bicicletas compartilhadas e patinetes, por exemplo.
  12. Estratégias tecnológicas de automação dos edifícios para redução do consumo de água e energia.
  13. Programas de certificação sustentável de edifícios, contribuindo para a disseminação da cultura de sustentabilidade.

Plínio afirma que têm sido utilizadas muitas alternativas dentre as citadas acima no mercado da construção civil capixaba.

“Na Morar Construtora, por exemplo, os novos empreendimentos são entregues com sistema de reaproveitamento de água da chuva para a limpeza de áreas comuns e irrigação de jardins e com a instalação de placas de energia fotovoltaica na área de lazer. Os novos empreendimentos também trazem previsão de ponto de recarga de carro elétrico; módulos de bicicletas compartilhadas; torneiras com arejador e fechamento automático; iluminação em led nas áreas comuns; medição individual de água; bacias sanitárias com sistema de economia de água; e postes com relé fotoelétrico. Além disso, a construtora também está planejando a implementação de um projeto de economia ambiental nos canteiros de obra com destinação dos resíduos para um local que faz o beneficiamento e produção de outros materiais; coleta seletiva; alvenaria estrutural modulada para evitar desperdícios; dentre outros” finaliza.

Fonte: www.folhavitoria.com.br

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