Diário de Petrópolis: Negociação dos valores de aluguel é alternativa para imobiliárias e locatários

Poucas pessoas conhecem o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) que norteia uma série de reajustes incluindo o do aluguel. Em julho, este índice sofreu variação de 0,78%, alcançando o acumulado em 12 meses de 33,83%. Segundo a Fundação Getúlio Vargas que calcula os índices, em julho de 2020, o IGP-M havia subido 2,23% e acumulava alta de 9,27% em 12 meses.

O reajuste surpreendeu a jornalista Ana Paula Tapajóz que nesta terça-feira (31) recebeu as guias de pagamento do aluguel já reajustadas. “Recebi os boletos e percebi um aumento absurdo. Liguei para imobiliária para questionar e a mesma disse que houve um reajuste de acordo com o IGP-M de mais de 33%. Pasmem: trinta e três por cento! Quem tem como arcar com um aumento desses?”, questiona.

Uma das alternativas para quem for “pego de surpresa” com os novos valores é tentar negociar diretamente na imobiliária ou com o locatário. A Consultora de Imóveis, Irene Medeiros, destaca que uma das soluções pode estar em negociar o índice que vai basear o reajuste. “Esse é o tema que mais tem trazido preocupação aos inquilinos. Pois se trata do maior percentual dos últimos anos, em meio a uma pandemia. E a palavra do momento é negociação. O primeiro passo é que as partes entrem em acordo para alterar o índice de correção de IGP-M para um que reflita o melhor momento, como o IPCA. Isso porque o IPCA é a alternativa para um reajuste de contrato mais condizente com a realidade.”

Com a crise sanitária, alguns inquilinos podem estar enfrentando dificuldades em manter os pagamentos. Mas, Irene destaca que quanto mais tempo um imóvel permanecer parado pior.

“O proprietário precisa levar em consideração o bom inquilino, o que paga em dia, mantém o imóvel em boas condições de uso e protege o local. Nesse processo também é importante ponderar o atual momento de todos. Por isso, é tão importante ouvir os dois lados e sempre trazer soluções para locadores e locatários. Dada a nossa situação econômica, é sempre importante usar o bom senso. Para o locador, não é interessante ter um imóvel parado, isso gera custos”, pontua Irene.

Ana Paula entrou em contato com a imobiliária para negociar o reajuste. “A imobiliária está em negociação com os proprietários. Foi assustador ver os novos valores. Nossos rendimentos não acompanham esses reajustes. Não é um valor proporcional ao aumento dos salários, por exemplo.”

O Sindicato da Habitação do estado do Rio de Janeiro (Secovi Rio) reforça que é preciso diálogo para que ambas as partes cheguem a um acordo. “A recomendação do Secovi Rio é a negociação entre inquilino e proprietário por meio do diálogo e do bom senso, a fim de garantir a continuidade dos contratos.”

Sobre o IGP-M

Mensalmente divulgado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), o indicador foi concebido no final dos anos de 1940 para ser uma medida abrangente do movimento de preços, que englobasse não apenas diferentes atividades como também etapas distintas do processo produtivo. Dessa forma, o IGP é um indicador mensal do nível de atividade econômica do país, englobando seus principais setores. “O IGP-M é utilizado amplamente na fórmula paramétrica de reajuste de tarifas públicas (energia e telefonia), em contratos de aluguéis e em contratos de prestação de serviços”, explicam.

Segundo a FGV, o cálculo tem em conta a variação de preços de bens e serviços, bem como de matérias-primas utilizadas na produção agrícola, industrial e construção civil. “Dessa forma, o resultado do IGP-M é a média aritmética ponderada da inflação ao produtor (IPA), consumidor (IPC) e construção civil (INCC).”

Fonte: Diário de Petrópolis

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