Crescimento imobiliário na Região Serrana faz preço médio das vendas aumentar em até 20%

Dez anos após a maior tragédia climática do Brasil, que deixou quase mil vítimas entre mortos e desaparecidos, a Região Serrana do Rio de Janeiro renasceu para o mercado imobiliário no contexto de uma nova calamidade: a pandemia do novo coronavírus. A obrigatoriedade do isolamento social, os períodos de lockdown (ainda que parciais) e, em contrapartida, a adoção do home office e do home schooling levaram — e continuam levando dezenas de cariocas e fluminenses a buscarem um imóvel fora da Região Metropolitana.

— O preço médio de venda de imóveis na Região Serrana subiu entre 15% e 20% no período da pandemia. Terrenos vendidos por R$ 250 mil antes de março de 2020 são oferecidos agora por R$ 650 mil, R$ 700 mil. E encontram comprador — diz o vice-presidente da Secovi- Rio, Leonardo Schneider.

Ele mesmo é um exemplo desse carioca que buscou refúgio na Serra durante a pandemia. Assim que o novo coronavírus chegou ao Rio, Schneider comprou uma casa num condomínio em Itaipava, Petrópolis, e se mudou para lá, aproveitando que a escola da filha adotara o sistema de aulas on-line.

Como ele, muita gente aproveitou uma série de fatores positivos para buscar novos ares. A região tem boa infraestrutura de comércio e de comunicação, permitindo o home office sem grandes transtornos. Sem viagens para o exterior e com o dólar nas alturas, ter um endereço no campo virou um bom negócio.

— Lugares até mais afastados, como Secretário, também estão vivendo esse boom. Projetos que ficaram dois, três anos sem vender nada já comercializaram cinco, seis áreas — observa Schneider.

Em algumas situações, a busca por um imóvel virou corre-corre. Rodrigo Mello, corretor da Morabilidade, especializada em imóveis de alto padrão, vendeu uma casa de sete suítes em Itaipava em apenas 48 horas.

— Publiquei o anúncio numa quinta-feira à noite e, na sexta, um cliente me ligou querendo fechar negócio. Nem estava preocupado em visitar a casa. Falei com a proprietária, e ela me avisou que, nesse meio-tempo, aparecera outro interessado. Combinamos que, se ele não fizesse proposta, eu levaria meu cliente lá. No sábado, fechamos negócio — conta ele, que vendeu outras quatro casas na região também em tempo recorde.

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Teresópolis

Se Petrópolis e arredores ainda despontam como os queridinhos desse boom imobiliário, o movimento de incorporadores e corretoras em Teresópolis indica que a cidade voltou a crescer na preferência de quem quer fugir para as montanhas.

— Na Região Serrana, ainda há muito espaço para se construir grandes empreendimentos, com área de lazer, muito verde e vistas. Com a pandemia, as pessoas enxergaram a necessidade de ter mais qualidade de vida — explica a CEO da Riooito, Mariliza Fontes Pereira.

A incorporadora tinha um estoque entre 50 e 60 unidades, que vendeu no início da pandemia. Em Teresópolis, tem dois empreendimentos, um deles completamente vendido.

Em Petrópolis, fez um megacondomínio, e todas as 662 unidades já têm dono. A fartura de ofertas atende pessoas como o advogado e contador Marcos Pereira, que faz planos de se mudar para Teresópolis assim que ficar pronta a cobertura que comprou na cidade.

— Quero sair da confusão do Rio — diz ele.

Rodrigo Barbosa, que mora em Teresópolis há três anos, faz um alerta: as autoridades precisam se planejar melhor para receber os novos moradores.

— Nos fins de semana, a cidade já não funciona tão bem. Se muito mais gente resolver se mudar para cá, pode ser que a tão sonhada tranquilidade se perca.

Fonte: O Globo

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